segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A$ CIFRA$ DO $OM PE$ADO


Você gosta de fazer sexo? De velocidade? É apaixonado por esporte radical? ... Que tal unir sua paixão aos proventos que te sustenta? Isso mesmo ganhar dinheiro fazendo o que gosta! Eu particularmente adoraria, e acho que todo mundo adoraria conseguir isso. Voltando a primeira linha... Imagine ser um artista pornô, piloto de corridas ou esportista profissional, literalmente unir a paixão à profissão. Todo mundo tem uma forma de ganhar dinheiro em qualquer lugar do mundo, seja essa quantia, pouco, necessário para sobreviver ou o suficiente para esbanjar.
No underground não é diferente. Underground significa subterrâneo, é uma expressão usada para designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e que está fora da mídia, também conhecido como Cultura Underground ou Movimento Underground, para designar toda produção cultural com estas características, ou Cena Underground, usado para nomear a produção de cultura underground em um determinado período ou local, isso para qualquer ritmo ou costume. Esse conceito foi postado pois algumas pessoas sem noção acham que underground é está fora do mundo e não precisar de cifras.
Eu postei uma matéria neste blog simplesmente manifestando a minha indignação a alguns trapalhões que fazem comentários sem fundamentos sobre a cena, que na verdade nem mereciam aquele meu comentário e muito menos está na cena underground. Pessoas que ficam comentando que produtor tal tá querendo comprar um carro com o lucro do show, fulano quer encher os bolsos de dinheiro, sicrano é mercenário e daí por diante. Mas o texto causou um pequeno manifesto em meio às redes sociais, vindo de pessoas inteligentes e que somam para o underground. Engraçado é que esses seres fazem esses comentários, mas quando os playboys de cabelos lisinhos vêm a Natal pagam 30,40 paus pra assistir aos mesmos. Ai ganha o que em troca? Aquele desabafo ridículo, pejorativo e contraditório do Edu Falaschi detonando o underground e os que nele vivem. Quando esses Playboys passam por uma cidade os shows são caros por que eles ditam o número das estrelas do hotel que querem hospedar-se, cobram cachês altos dentre outras coisas, além de um número “X” de toalhas brancas no camarim... Isso é underground? Só faltam os cabelereiros, manicures e maquiadores... Pra que fui dar a ideia!?
Eu já fui a dois shows dessas bandas aqui em Natal, mas com o simples intuito de apoiar o produtor e a cena, com o objetivo de que viessem para cá bandas que eu realmente curto, porque em relação a eles, as únicas duas coisas que gosto se chama “Theatre Of Fate” e “Soldiers Of Sunrise” (que acho que eles nem lembram) e mais NADA.
Se você for analisar, metal, forró, funk, hip hop, pagode e qualquer estilo de música, existem as bandas, os produtores, os estúdios, os eventos e o público. Temos apenas que filtrar quem trabalha sério e os que caem de paraquedas na cena e querem aparecer quando na verdade o que fazem é jogar o nome da cena na lama deixando de cumprir com suas obrigações perante aos outros. Essas coisas só sujam e ferem o que está dando certo.
Eu lembro que na capital de um estado vizinho do RN, entre os anos de 2003 e 2004 quando os ingressos dos shows passaram de R$ 5,00 para R$ 7,00 ou R$ 8,00, os bangers daquela cidade articularam um boicote quase que generalizado aos produtores “mercenários” que cobravam pouco mais de R$ 5,00, pois diziam que esse valor dava pra cobrir os custos e ainda sobrava grana para o mesmo, o mais triste é que teve membros e até bandas inteiras apoiando o movimento que conseguiu realmente baixar... Os eventos da cidade praticamente à zero, atitude de quem não tem a mínima noção do que é produzir no sentido conotativo da palavra.
Bandas pararam os seus trabalhos, e as que resistiram ofereciam-se pra tocar fora do estado bancando os seus próprios custos, a cidade simplesmente sumiu do cenário underground. Hoje, quase dez anos depois o underground por lá parece está dando os primeiros passos devidos àquela idiotice em massa, é lamentável para uma cena que tem mais ou menos a mesma idade da cena potiguar e parece ter apenas alguns anos. Todos nós sem exceção alguma, temos que ter consciência que o mundo é capitalista, se você está pensando em fundar uma banda, lembre-se que se não for você, seus pais vão ter que comprar instrumentos e depois fazer a manutenção necessária, se você tiver a mínima noção de respeito, vai ter que pagar ou construir um estúdio para não perturbar os vizinhos com os ensaios, vai gastar seu tempo estudando e criando música (ou então vai fazer covers o resto da vida aproveitando-se do esforço dos outros. Muuuuito bonito!), no futuro vai ter que gastar pra produzir um demo ou CD que você vai querer que as pessoas comprassem, e que o produtor pague o cachê do seu show. Se forem promover eventos lembrem-se que o som não é de graça, a casa cobra aluguel, as boas bandas cobram cachê, além da pré-promoção (cartazes, traslado para as bandas, senhas e adiantamentos para casa e som), porque tudo isso tem que ser pago no máximo ao final do evento. Sem contar o trabalho que dá promover um. Ah! Você vai alugar a casa, o som e contratar bandas para tocar de graça? Pelo menos pede um KG de alimento para doar a alguma ONG. Parabéns pela iniciativa e principalmente pela sua condição financeira, porque fora isso você vai simplesmente odiar esses palhaços que não vão ao show porque caso o contrário vai enricar o produtor.
Se o produtor lucrou uma lata de cana, uma caixinha de cerveja, uma bicicleta, uma moto, um carro, lancha, avião seja lá o que for, ele só obteve o resultado do trabalho que ele executou, foi ele que deu a cara pra bater, assumiu o compromisso de pagar uma pequena fortuna que aqui em Natal chega a alguns milhares de Real. Nós, público apenas pagamos uma ou duas dezenas desse mesmo Real para irmos nos divertir, esquecer um pouco do cotidiano estressante do trabalho, tomar nossos drinks e rever amigos e as bandas que gostamos. Bandas essas que trabalharam muito pra agora estarem lá tocando um som para nossa diversão. E pra tudo isso acontecer já que o underground não tem apoio de grandes empresas, nem de políticos, porque pelo que me parece, nós não existimos para essas coisas. Conta apenas com o apoio do fiel público que gera as Cifras para manter o movimento underground.  Podemos dizer que somos “independentes”, mas dependemos na verdade do nosso próprio dinheiro que compra CD, camiseta, paga show e assim sucessivamente.
Adiel Soares

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